1 de ago. de 2011

HISTÓRIA DA ARTE PARAIBANA - DÉCADA DE 1970

Laís Aderne,
uma das principais articuladoras para a criação
do curso de Educação Artística da UFPB
Em 1976 a Universidade Federal da Paraíba, tendo à frente o Reitor Lynaldo Cavalcanti, volta a desempenhar papel importante para o desenvolvimento das artes plásticas no Estado, como havia sido na década anterior. Ainda funcionavam os cursos livres de arte, sob a supervisão da Coordenação de Extensão Cultural, setor que substituíra o antigo Departamento Cultural, instalada num edifício na Praça Rio Branco, centro da capital, e onde lecionavam os artistas Gilvan Samico, Montez Magno, João Câmara Filho, Arthur Cantalice, Roberto Lúcio, Alfonso Bernal, Euclides Sá, entre outros.

E em 1977, finalmente, era criado o curso de Educação Artística na UFPB, e Chico Pereira explica: “A nova dinâmica imposta por Lynaldo Cavalcanti nas áreas da ciência e tecnologia passou a exigir também, no campo da cultura, a mesma postura. Foi criado o Departamento de Artes e de Comunicação, para a formação de arte-educadores, jornalistas e relações públicas.” (...)

“No mesmo período, foram criados os atuais núcleos artísticos e de pesquisas culturais, entre eles o Núcleo de Arte Contemporânea-NAC, este com o objetivo de estabelecer uma ponte entre a Paraíba e centros nacionais e internacionais, bem como promover internamente uma atualização crítica do ponto de vista teórico e prático com as outras disciplinas universitárias. Para a criação deste Núcleo, a UFPB convidou o artista Antonio Dias e o crítico Paulo Sérgio Duarte, que se responsabilizaram pelo projeto do NAC, o qual teve também a participação do artista plástico Raul Córdula e do sociólogo Silvino Espínola. O Núcleo de Arte Contemporânea foi marco divisor no panorama da arte local. Apesar do processo de modernidade nas artes, acontecido antes na Paraíba, o NAC produziu no cenário da arte brasileira um questionamento importante, que foi o de romper a ditadura da hegemonia do eixo Rio-São Paulo.

Encontro de professores da UFPB
para a discussão do projeto do NAC.
Campina Grande, 1977

Até então, era impossível acontecer movimento significativo de arte contemporânea fora dessa engrenagem. Logo depois da instalação do NAC, foi criado o Departamento de Artes do Campus II, em Campina Grande, com a finalidade de expandir o ensino das artes. Apesar de ser um departamento, funciona até hoje como extensão artística. Terminado o Reitorado Lynaldo Cavalcanti, as administrações posteriores não emprestaram ao NAC a mesma atenção quando da fase da sua criação, até porque os recursos também se tomaram escassos e as sucessivas mudanças ocorridas na direção desse Núcleo concorreram para o seu declínio.”(SILVA JÚNIOR, 1979)

Assim também confirma Raul Córdula, um dos coordenadores do NAC ao lado de Chico Pereira, “como sua equipe inicial, concebeu, nasceu, cresceu e morreu entre 1978 e 1984, quando foi fechado para reformas e, ao reabrir dois anos depois, suas ideias renovadoras e contemporâneas do futuro estavam desgastadas pela falta de apoio que sucedeu. Ele existe ainda com o mesmo nome, mas não passa de uma galeria de arte convencional que, embora tenha apresentado ao público algumas exposições, é apenas espaço conveniente para as relações públicas da UFPB.” (CÓRDULA, 2004)

Antonio Dias. Campina Grande, 1977

Na esteira do boom econômico dos anos 70, surge uma classe média interessada num gosto bem “decorativo” e proliferam galerias pelo país. Na Paraíba, no entanto, algumas poucas ações de mercado começam a investir mais no artista local, na ideia de formar colecionadores e exibir os artistas emergentes. Daí surge a Galeria Batik, misto de galeria e escritório das arquitetas Conceição Serra e Madalena Zaccara, que existiu até 1979.

Nenhum comentário: