30 de jul. de 2011

HISTÓRIA DA ARTE PARAIBANA - DÉCADA DE 1960

Vanildo Brito,
Raul Córdula,
Archidy Picado e
Arthur Cantalice.
Exposição de Raul Córdula.
João Pessoa,1968
Esta década se caracterizou por uma maior dinamização das artes plásticas, através da ação dos novos artistas que passaram a ocupar um espaço do Theatro Santa Roza – um ateliê coletivo na mesma ideia do CAP. Foi uma época de inúmeras exposições, realizadas onde fosse possível, para apresentar as recentes produções da arte moderna. Nesse momento, a Biblioteca Pública [rua General Osório] era o ponto de encontro das artes. A UFPB, em 1962, cria o seu Departamento de Artes, a partir da colaboração dos artistas do grupo Tomás Santa Rosa. O setor de artes plásticas, com Archidy Picado na organização, passou a funcionar no Casarão de Azulejos, em frente à Praça Dom Adauto, no centro da cidade. E, em 1963, abriu inscrições para seus cursos de artes plásticas, contabilizando mais de 300 interessados. Destes cursos, surgiram artistas que se destacariam no panorama local, como Flávio Tavares, Régis Cavalcanti e Celene Sitônio.

Antonio Dias,
Francisco Duarte,
Mário Pedrosa e
Rubens Gerchman.
Inauguração da Galeria Faxeiro,
Campina Grande, 1967
Os professores, artistas ainda sem o devido preparo, necessitavam de aprimoramento. Aí entra em cena Simeão Leal, na época Diretor do Serviço de Documentação do MEC, que enviou à Paraíba – através do Governo Pedro Gondim, e sob a supervisão de Virgínius da Gama e Melo – o pintor abstracionista italiano, Domenico Lazzarini, para orientar os artistas locais nas antigas técnicas da pintura e sua preservação, além de ter criado, em 1963, a primeira galeria de arte "contemporânea" na cidade.

Museu de Arte Assis Chateaubriand
Em 1966, já tendo consolidado a implantação do Museu de Arte de São Paulo, o empresário e jornalista paraibano Assis Chateaubriand, criador e patrocinador da Campanha Nacional de Museus Regionais, decidiu instalar um museu de arte em Campina Grande. Criado inicialmente como Museu Regional de Arte Pedro Américo, foi inaugurado em 20 de outubro de 1967, numa festa memorável, com a presença de autoridades, artistas e críticos como Mário Pedrosa, Mário Barata, Antonio Dias, Solange Escosteguy, Rubens Gerchman, Anna Maria Maiolino, Yanis Gaitis, Jean Boghici, além de artistas paraibanos e de estados vizinhos.

O curador da mostra Museu de Arte Assis Chateaubriand (CCBB, Brasília, 2001), Marcus Lontra, em seu texto de apresentação, diz: "A década de 1960 foi extremamente rica e conturbada; nas artes, tanto na Europa como no Brasil, a nova figuração, influenciada pela arte pop norte-americana, inseria-se nas discussões comportamentais que caracterizaram esta época. Entre nós, o período marcado entre o golpe militar de 1964, e a definitiva implantação da ditadura, em dezembro de 1968, foi de intensa movimentação: a figuração brasileira investiu nos aspectos políticos, e o Brasil passou a produzir uma arte tipicamente urbana, violenta e sexualizada, em que se destaca o artista paraibano Antonio Dias, ainda hoje referência fundamental na produção estética brasileira contemporânea. É essa arte pop, política, irônica, crítica, apaixonada, que incorpora elementos da arte povera italiana e termina por desembocar no tropicalismo, que constitui um núcleo destacado na coleção do Museu de Campina Grande."

A "euforia" na Borborema é também o momento ideal para o surgimento do grupo Equipe 3 [Eládio Barbosa, Chico Pereira e Anacleto Elói], que agitou a cena campinense com happenings e ações de vanguarda, inspirados na Nova Objetividade e incursões no tropicalismo e poesia processo. Os artistas do Equipe 3, isoladamente, participam da Bienal de São Paulo [Eládio Barbosa] e Bienal Nacional da Bahia, além da "expedição cultural" que empreenderam por várias cidades do país, em 1968.






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