26 de jul. de 2011

HISTÓRIA DA ARTE PARAIBANA - ANOS 1910 à 1930

Aurélio de Figueiredo
Há registros de que, em 1913, o pintor paraibano Aurélio de Figueiredo, irmão de Pedro Américo, tenha chegado à capital com algumas pinturas para dar início à criação do nosso primeiro museu ou "galeria de retratos", por sugestão e convite do então presidente Castro Pinto. Anos depois, veio o pintor Antônio Parreiras (Niterói-RJ, 1860-1937), que tinha uma carta de recomendação de Epitácio Pessoa ao então presidente da Paraíba, Camilo de Holanda, para execução de uma pintura sobre a Revolução de 1817, obra esta pertencente ao acervo do Palácio da Redenção (João Pessoa). Segundo o professor Gabriel Bechara, citado pelo artista, Chico Pereira (História da Paraíba em fascículos, 1997), "a partir daí algumas exposições começaram a acontecer na Capital, contribuindo para que se formasse a nossa primeira geração de artistas, composta por Olívio Pinto, Frederico Falcão, João Pinto Serrano, Amelinha Theorga e Voltaire D'Ávila. Em 1924, estes artistas realizaram uma grande coletiva com cerca de 118 obras. A mostra, de forte tendência regionalista, foi denominada Salon Felippéa em resposta à exposição do artista pernambucano Joaquim do Rego Monteiro, irmão do também pintor Vicente do Rego Monteiro, que acabara de trazer à Paraíba os primeiros exemplos de pintura moderna." (SILVA JÚNIOR, 1997)

E, de fato, o que predomina neste Salon é a paisagem ao invés de algum sopro modernista que já surgia na vizinha Recife. O mar e seus coqueirais, além das cenas urbanas, refletem a opção por temas bucólicos e atestam o isolamento vivido pelas artes plásticas da província, o que vai perdurar até a década de 1950. Realmente, "a Paraíba não participou do ideário modernista a não ser na literatura com a presença de José Américo de Almeida e José Lins do Rego." (ZACCARA, 2009)

Pedro Américo - Cristo morto 1901 - Acervo Museu Regional de Areia.

Ao mesmo tempo, o retrato também torna-se algo comum entre as famílias mais abastadas neste início de século. A fotografia é amplamente utilizada, em especial na revista Era Nova (anos 1920), que tratava da vida social às amenidades político-culturais da elite paraibana. E vai "fornecer as imagens necessárias dos modelos, ao mesmo tempo que passam a ser colorizadas e tratadas como pintura." (SILVA JÚNIOR, 1989)

Tanto que, nesta época, os artistas Frederico Falcão, Pedro Tavares, Olívio Pinto, Pinto Serrano e, anos mais tarde, José Lyra, tiveram destacada atuação como fotógrafos, mesmo caso do desenhista suíço Eduardo Stuckert, estabelecido na cidade desde 1900. Outro pioneiro, o fotógrafo Walfredo Rodriguez, profundo conhecedor da nossa cultura, publicou livros sobre a cidade, realizou exposições e documentou os acontecimentos sociais, com destaque para o filme Sob o céu nordestino (1924-28), um verdadeiro marco do cinema paraibano.

Outra categoria que teve grande aceitação na Parahyba, como em outros estados, foi a caricatura, que surgia em mostras de grande popularidade e eram publicadas em jornais e revistas da época. Rubem Diniz e Hernani Sá, entre outros artistas nordestinos que aqui atuaram, eram os paraibanos mais reconhecidos. "A importância social desse movimento artístico que tinha à frente jornalistas e trabalhadores da imprensa, ainda necessita de um estudo à parte para avaliar a sua significação, nesse período de declínio da arte acadêmica e início da consolidação do modernismo no Brasil". (BECHARA, 2001)

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