Laís Aderne, uma das principais articuladoras para a criação do curso de Educação Artística da UFPB |
Em 1976 a Universidade Federal da Paraíba, tendo à frente o Reitor Lynaldo Cavalcanti, volta a desempenhar papel importante para o desenvolvimento das artes plásticas no Estado, como havia sido na década anterior. Ainda funcionavam os cursos livres de arte, sob a supervisão da Coordenação de Extensão Cultural, setor que substituíra o antigo Departamento Cultural, instalada num edifício na Praça Rio Branco, centro da capital, e onde lecionavam os artistas Gilvan Samico, Montez Magno, João Câmara Filho, Arthur Cantalice, Roberto Lúcio, Alfonso Bernal, Euclides Sá, entre outros.
E em 1977, finalmente, era criado o curso de Educação Artística na UFPB, e Chico Pereira explica: “A nova dinâmica imposta por Lynaldo Cavalcanti nas áreas da ciência e tecnologia passou a exigir também, no campo da cultura, a mesma postura. Foi criado o Departamento de Artes e de Comunicação, para a formação de arte-educadores, jornalistas e relações públicas.” (...)
“No mesmo período, foram criados os atuais núcleos artísticos e de pesquisas culturais, entre eles o Núcleo de Arte Contemporânea-NAC, este com o objetivo de estabelecer uma ponte entre a Paraíba e centros nacionais e internacionais, bem como promover internamente uma atualização crítica do ponto de vista teórico e prático com as outras disciplinas universitárias. Para a criação deste Núcleo, a UFPB convidou o artista Antonio Dias e o crítico Paulo Sérgio Duarte, que se responsabilizaram pelo projeto do NAC, o qual teve também a participação do artista plástico Raul Córdula e do sociólogo Silvino Espínola. O Núcleo de Arte Contemporânea foi marco divisor no panorama da arte local. Apesar do processo de modernidade nas artes, acontecido antes na Paraíba, o NAC produziu no cenário da arte brasileira um questionamento importante, que foi o de romper a ditadura da hegemonia do eixo Rio-São Paulo.
Encontro de professores da UFPB para a discussão do projeto do NAC. Campina Grande, 1977 |
Até então, era impossível acontecer movimento significativo de arte contemporânea fora dessa engrenagem. Logo depois da instalação do NAC, foi criado o Departamento de Artes do Campus II, em Campina Grande, com a finalidade de expandir o ensino das artes. Apesar de ser um departamento, funciona até hoje como extensão artística. Terminado o Reitorado Lynaldo Cavalcanti, as administrações posteriores não emprestaram ao NAC a mesma atenção quando da fase da sua criação, até porque os recursos também se tomaram escassos e as sucessivas mudanças ocorridas na direção desse Núcleo concorreram para o seu declínio.”(SILVA JÚNIOR, 1979)
Assim também confirma Raul Córdula, um dos coordenadores do NAC ao lado de Chico Pereira, “como sua equipe inicial, concebeu, nasceu, cresceu e morreu entre 1978 e 1984, quando foi fechado para reformas e, ao reabrir dois anos depois, suas ideias renovadoras e contemporâneas do futuro estavam desgastadas pela falta de apoio que sucedeu. Ele existe ainda com o mesmo nome, mas não passa de uma galeria de arte convencional que, embora tenha apresentado ao público algumas exposições, é apenas espaço conveniente para as relações públicas da UFPB.” (CÓRDULA, 2004)
Antonio Dias. Campina Grande, 1977 |
Na esteira do boom econômico dos anos 70, surge uma classe média interessada num gosto bem “decorativo” e proliferam galerias pelo país. Na Paraíba, no entanto, algumas poucas ações de mercado começam a investir mais no artista local, na ideia de formar colecionadores e exibir os artistas emergentes. Daí surge a Galeria Batik, misto de galeria e escritório das arquitetas Conceição Serra e Madalena Zaccara, que existiu até 1979.
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